Sabe quando a gente acha que a vida vai ser só tristeza, dor e cansaço? Durante muito tempo, foi assim que me senti. Eu sou a Jéssica, tenho 25 anos, sou mãe de quatro filhos lindos, e carrego uma história de superação que ainda dói lembrar. Mas eu não quero só falar da dor. Quero mostrar que, mesmo no fundo do poço, é possível reencontrar a luz.
Uma fase escura, mas real
Durante anos, vivi em um relacionamento abusivo. Eu apanhava, me sentia diminuída, e, aos poucos, fui perdendo quem eu era. Acordava no automático, cuidava das crianças, fazia o que tinha que fazer e só. Não havia espaço pra mim, nem pra sorrir, nem pra sonhar.
Na frente das pessoas, eu até tentava disfarçar. Porém, dentro de casa, o terror era constante. Meu marido me humilhava, me batia, e me fazia acreditar que eu não era nada. Que ninguém me amaria com quatro filhos. Que eu era feia, gorda, desleixada. E o pior? Por muito tempo, eu acreditei.
O fundo do poço e o estalo
Lembro de uma noite específica. Estava no banheiro, chorando em silêncio, com medo das crianças ouvirem. Quando olhei no espelho, vi uma mulher que eu não reconhecia mais. Aquela não era a Jéssica cheia de sonhos da adolescência. Era alguém apagada, cansada, destruída.
Foi ali que, entre as lágrimas, algo em mim acordou. Eu pensei: “Ou eu mudo agora, ou vou morrer desse jeito.”
Recomeçar foi difícil, mas libertador
Nos dias seguintes, comecei a me preparar em segredo. Juntei documentos, pedi ajuda para uma amiga antiga e, quando consegui uma brecha, saí de casa com meus filhos. Fomos morar num quartinho no fundo da casa dessa amiga. Era pequeno, apertado, mas era seguro. Pela primeira vez em anos, eu dormia sem medo.
A liberdade doeu no começo. Afinal, eu tinha que me redescobrir. Mas aos poucos, fui me levantando. Voltei a estudar, arrumei um bico limpando casas e comecei a juntar um dinheirinho. Não era muito, mas dava pra sobreviver.
Me olhar no espelho virou um ritual de cura
Uma das coisas que mais me ajudou foi me permitir voltar a me olhar. De verdade. Comecei a me arrumar, mesmo sem sair de casa. Pegava um batom antigo, tentava fazer uma sobrancelha com lápis e me sentia mais viva.
Foi nessa fase que descobri o blog Beleza das Cores. Cai de paraquedas, mas foi como se tivesse encontrado uma amiga falando comigo. Eu lia os textos e parecia que alguém finalmente entendia o que eu sentia. Comecei a testar as dicas com o que tinha em casa. Um corretivo baratinho, uma sombra emprestada, e, aos poucos, fui me apaixonando de novo por mim.
Maquiagem não é só estética: é identidade
Tem gente que acha que maquiagem é só vaidade. Mas pra mim, virou um ato de resistência. Um gesto de carinho comigo mesma. Era como se, cada vez que eu me maquiava, eu dissesse pra mim: “Você é linda, Jéssica. Você merece ser vista.”
A maquiagem me ajudou a lembrar que eu sou mulher, que sou forte, que sou digna. Ela não apagou minhas cicatrizes, mas me deu coragem pra mostrá-las com orgulho.
Um novo amor, sem violência
Depois de muito tempo cuidando só de mim e dos meus filhos, conheci uma pessoa maravilhosa. Ele me respeita, me valoriza e, principalmente, me ama com tudo o que sou. Não foi fácil abrir o coração de novo. Tive medo, insegurança, traumas.
No entanto, ele nunca me pressionou. Ao contrário, me incentivou a seguir com meus planos, me elogiava mesmo quando eu achava que estava simples. Um dia ele disse: “Você se ilumina toda vez que se arruma. Faz isso mais vezes, por você.” E aquilo ficou em mim.
Hoje, quero inspirar outras mulheres
Se você está lendo isso e se sente como eu já me senti, saiba que você não está sozinha. A dor que você sente é real, mas também é possível superá-la. Às vezes, tudo começa com um batom. Com um olhar no espelho. Com uma visita ao blog certo.
Foi assim comigo. Eu encontrei acolhimento, força e coragem em textos simples, mas que me falavam fundo. E a maquiagem foi só o começo da minha transformação. Hoje, trabalho com revenda de produtos de beleza, tenho minha renda, minha liberdade, e um amor que me respeita.
Finalizando com o coração cheio
Quis contar minha história aqui no Beleza das Cores porque esse espaço me ajudou de verdade. E talvez a minha história possa tocar alguém que esteja perdida como eu estive. Se esse for o seu caso, segura na sua própria mão. Se permita recomeçar.
Você não precisa ter tudo hoje. Mas pode dar o primeiro passo. E mesmo que seja um passo pequeno, já é um passo longe daquela dor que te machuca.
Você merece se amar, se olhar com carinho e se ver bonita. Porque você é. Sempre foi.